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Dólar salta mais de 1% com percepção de piora nas relações Brasil-EUA

Pessoa segurando uma pilha de notas de dólar na frente de um computador, simbolizando dinheiro ou sucesso financeiro.

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista disparou mais de 1% contra o real nesta terça-feira, cravando o patamar de R$5,50 no fechamento, conforme os investidores se desfizeram da moeda brasileira diante da percepção de agravamento das tensões diplomáticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

O dólar à vista fechou em alta de 1,19%, a R$5,50, a maior cotação em duas semanas.

Às 17h13, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,06%, a R$5,516 na venda.

Com uma agenda vazia no exterior, o mercado doméstico permaneceu com as atenções voltadas para as tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negociar a tarifa de 50% imposta pelos EUA no início do mês sobre produtos brasileiros.

A avaliação dos agentes financeiros é que as dificuldades do governo em abrir diálogo com Washington sobre as tarifas aumentaram a partir de decisão judicial emitida pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Dino determinou, na segunda-feira, que cidadãos brasileiros não podem ser afetados em território nacional por leis ou decisões estrangeiras aplicadas sobre atos cometidos no Brasil.

A decisão indicou que o ministro Alexandre de Moraes, também do STF, não poderá sofrer no Brasil as consequências das sanções impostas a ele pelo governo dos EUA no mês passado, com base na Lei Magnitsky –ainda que Dino não tenha citado essa determinação de Washington.

O governo do presidente Donald Trump impôs as sanções a Moraes sob o argumento de que ele autoriza prisões arbitrárias antes de julgamentos e suprime a liberdade de expressão. O ministro é relator do processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu, acusado de tramar um golpe de Estado.

Trump tem vinculado a imposição da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, entre outros pontos, à “caça às bruxas” que Bolsonaro viria sofrendo pela Justiça do Brasil.

Ao longo do dia, cresceu entre agentes financeiros a percepção de que a decisão de Dino dificulta as negociações e cria a possibilidade de uma resposta do lado norte-americano, que poderia incluir sanções a instituições financeiras que não cumprem as sanções dos EUA.

“Vejo a questão tarifária pegando muito forte. O STF parece estar tentando enfrentar as sanções da Lei Magnitsky. Quando esse tipo de coisa acontece, acaba pegando para o mercado no Brasil”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

“Isso dificulta a negociação das tarifas, que deixou de ser uma questão comercial há muito tempo”, completou.

O dólar atingiu a cotação máxima do dia, a R$5,5051 (+1,29%), já na última hora de negociação. A mínima da sessão foi de R$5,4339 (-0,02%), alcançada logo após a abertura.

No cenário externo, os investidores operavam com cautela neste pregão, à medida que aguardam o discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira, durante o simpósio econômico anual de Jackson Hole, do Fed.

Operadores têm precificado uma chance elevada de o Fed cortar a taxa de juros em setembro, segundo dados da LSEG, com mais uma redução precificada até o fim do ano. Um discurso de Powell com postura agressiva contra a inflação poderia impactar essas projeções.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,15%, a 98,277.

Pela manhã, o Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025.

 

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