Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar recuava frente ao real nesta segunda-feira de agenda econômica esvaziada, mas ainda se mantinha acima dos 6,05 reais, com investidores se posicionando para uma semana marcada por dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos e pela última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano.
Às 9h44, o dólar à vista caía 0,42%, a 6,0511 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,64%, a 6,064 reais na venda.
As atenções se voltarão na terça-feira para dados do IPCA de novembro. Economistas consultados pela Reuters projetam uma desaceleração da inflação ao consumidor para 0,37% na base mensal, de 0,56% em outubro. Em 12 meses, a previsão é que o índice tenha acelerado para alta de 4,85%, ante 4,76% em outubro.
Na quarta-feira o foco será a decisão de política monetária do Copom, com operadores precificando 66% de chance de uma alta de 1 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25% ao ano, com 34% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto.
Ambos os movimentos representariam uma nova aceleração no ritmo do atual ciclo de aperto monetário, após alta de 0,5 ponto percentual de novembro e o aumento 0,25 ponto em setembro.
“Na nossa avaliação, é justificado acelerar o ritmo do aumento dos juros, dado um cenário de uma economia superaquecida, um mercado de trabalho apertado, salários elevados e o crescimento da renda disponível das famílias”, disseram analistas do Goldman Sachs em nota.
O mercado ainda segue de olho na tramitação das medidas de contenção de gastos propostas pelo governo no Congresso, uma vez que o Executivo busca aprová-las até o fim deste ano para que já comecem a valer a partir de 2025.
A repercussão do pacote fiscal tem sido ruim desde seu anúncio no fim do mês passado, quando veio acompanhado da divulgação de um inesperado projeto de reforma do Imposto de Renda.
Em meio ao mal estar do mercado, o dólar à vista encerrou a sexta-feira em alta de 1,13%, cotado a 6,0766 reais — maior valor nominal de fechamento da história.
Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação acima do teto da meta perseguida pela autarquia — com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — este ano e no próximo, com aumentos nas perspectivas para o dólar.
A pesquisa Focus mostrou que os economistas agora preveem altas do IPCA de 4,84% e 4,59% respectivamente em 2024 e 2025, de 4,71% e 4,40% antes.
No cenário externo, o dólar variava pouco ante a maioria de seus pares, com os mercados globais na expectativa de dados da inflação ao consumidor dos Estados Unidos na quarta-feira.
A leitura de novembro vai compor a base de dados a ser utilizada pelo Federal Reserve quando os membros se reunirem na próxima semana para seu último encontro do ano. Operadores colocam 87% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,08%, a 106,030.