Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha leve baixa ante o real nesta quinta-feira, em linha com as quedas nos mercados globais, à medida que investidores ainda digeriam dados sobre os Estados Unidos divulgados na véspera e acompanhavam a tentativa do governo brasileiro de aprovar seu pacote fiscal ainda neste ano.
Às 9h35, o dólar à vista caía 0,31%, a 6,0280 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,37%, a 6,039 reais na venda.
O real era beneficiado por um recuo amplo da moeda norte-americana no exterior, conforme investidores ainda avaliavam dados da véspera que reforçaram cenário de desaceleração gradual da economia dos EUA, o que pode favorecer maior afrouxamento monetário pelo Federal Reserve.
Números da ADP mostraram que foram gerados 146.000 empregos no setor privado dos EUA em novembro, após avanço revisado para baixo de 184.000 em outubro. Economistas consultados pela Reuters previam que o emprego privado aumentaria em 150.000 vagas após um salto de 233.000 em outubro.
Já o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor não manufatureiro caiu para 52,1 no mês passado, depois de ter subido para 56,0 em outubro — nível mais alto desde agosto de 2022. Economistas em pesquisa da Reuters previam 55,5.
Os resultados, que afastaram um pouco a percepção de robustez da maior economia do mundo, levantava novamente a perspectiva de cortes contínuos na taxa de juros pelo banco central dos EUA.
“A divulgação de indicadores que apontaram para uma desaceleração gradual do crescimento dos EUA diante de dados mais fracos também para o setor de serviços corroboram perfeitamente para o dito pouso suave, resultado que permitirá com que o Fed continue um processo de corte gradual dos juros”, disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
Em meio a este cenário, o dólar — que se torna menos atrativo com uma queda nos juros — recuava ante seus pares fortes e emergentes.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,16%, a 106,170.
No cenário doméstico, o mercado reagia positivamente à aprovação pela Câmara dos Deputados do regime de urgência para duas propostas que integram o pacote fiscal do governo, o que elimina a exigência de determinados prazos e acelera a tramitação.
Os investidores têm mostrado pessimismo em relação ao pacote — que prevê uma economia de 71,9 bilhões de reais nos próximos dois anos — após ele ter sido anunciado junto de um projeto de reforma do Imposto de Renda, gerando dúvidas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas.
“Espera-se que com a aprovação da Câmara, com essa pauta de urgência, os receios possam ser amenizados e que as propostas tramitem ainda este ano para aprovação”, completou Riauba.
Na curva de juros brasileira, as taxas dos DIs apresentavam leve alta, refletido a percepção de agentes financeiros de que a economia brasileira está operando com potencial inflacionário, o que necessitaria um maior aperto monetário pelo Banco Central.
Operadores colocavam 66% de chance de uma alta de 0,75 ponto percentual na reunião do Copom na próxima semana, a última do ano.