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Dólar recua após dados de inflação dos EUA apontarem afrouxamento maior pelo Fed

Dólar recua após dados de inflação dos EUA apontarem afrouxamento maior pelo Fed

Notas de dinheiro brasileiro ao lado de um dólar americano, destacando a diversidade das moedas e sua importância econômica.

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista recuava frente ao real nesta quarta-feira, em linha com os mercados globais, à medida que investidores reagiam a dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos que mostraram que a alta do núcleo dos preços na base anual se aproximou ainda mais da meta de 2% do Federal Reserve.

Às 10h50, o dólar à vista caía 0,32%, a 6,0275 reais na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,67%, a 6,042 reais na venda.

O governo norte-americano informou que o núcleo de seu índice de inflação ao consumidor subiu 0,2% em dezembro, após registrar avanços de 0,3% nos quatro meses anteriores, o que levou a uma desaceleração na alta em 12 meses para 3,2%, de 3,3% em novembro.

Economistas consultados pela Reuters esperavam um avanço de 3,3% no núcleo da inflação em relação ao ano anterior.

Com isso, operadores passaram a apostar em um afrouxamento monetário maior a ser realizado pelo Fed neste ano, com as apostas agora indicando 37 pontos-base de reduções em 2025, de 31 pontos antes da divulgação dos dados. Ainda se espera que os juros fiquem inalterados na reunião de janeiro.

A expectativa pela possibilidade de dois cortes de juros este ano derrubava os rendimentos dos Treasuries, o que, consequentemente, provocava perdas amplas por parte do dólar nos mercados globais.

O rendimento do Treasury de dois anos–que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– tinha queda de 8 pontos-base, a 4,289%.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,42%, a 108,740.

Antes da divulgação dos dados, o dólar operava em alta no Brasil, rondando um ganho de 0,3%.

No início da semana, por outro lado, as apostas dos operadores sobre o ciclo de afrouxamento do Fed vinham mostrando uma expectativa cada vez menor por cortes nos juros, uma vez que os mercados digeriam dados fortes de emprego divulgados na sexta-feira.

O banco central dos EUA ainda deve demonstrar uma abordagem cautelosa nas próximas decisões, como apontado pelos próprios membros, mas a leitura de inflação desta quarta abre a porta para um afrouxamento maior à frente.

Novas declarações do presidente eleito dos EUA também podem influenciar o sentimento dos investidores, que ponderam sobre com qual agressividade e rapidez Trump pretende implementar seus planos de imposição de tarifas de importação.

Na cena doméstica, o início do ano tem sido marcado por poucas notícias e dados relevantes, após o enorme receio fiscal demonstrado no ano passado que fez o dólar disparar nas últimas sessões de 2024.

O mercado também se prepara para um esperado aperto na taxa de juros nos primeiros meses do ano, com o Banco Central tendo sinalizado que realizará dois aumentos de 1 ponto percentual na Selic, agora em 12,25% ao ano, nas duas primeiras reuniões de 2025.

Analistas apontam que as preocupações com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas devem continuar sendo o principal tema no cenário doméstico neste ano.

“O problema do Brasil é fiscal e enquanto o governo não apresentar medidas materiais que possam construir uma ponte para 2026, o mercado vai ter episódios com tom de pessimismo”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Na frente de dados desta quarta, o volume de serviços teve em novembro queda de 0,9% em relação ao mês anterior, em resultado pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,3%. Essa foi a retração mais intensa até então no ano e a mais forte para meses de novembro desde 2015.

 

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