SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta terça-feira, à medida que os investidores demonstravam cautela nas negociações enquanto reagiam a um novo alívio tarifário nos Estados Unidos e aguardavam uma série de dados da maior economia do mundo ao longo da semana.
Às 9h30, o dólar à vista caía 0,03%, a R$5,6467 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,02%, a R$5,656 na venda.
Os movimentos da divisa brasileira ocorriam em meio a um cenário mais positivo para a moeda norte-americana no exterior, com avanços modestos sobre pares fortes, como o euro e o iene, e pares emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
Por trás dos ganhos ligeiros estava um novo alívio na política comercial dos EUA, com autoridades norte-americanas sinalizando na véspera que o governo reduzirá o impacto das tarifas sobre automóveis ao aliviar as taxas impostas em peças estrangeiras para veículos produzidos em solo norte-americano.
O governo também evitará que as tarifas sobre automóveis estrangeiros se acumulem sobre outras taxas, em um acordo que o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, chamou de “grande vitória” para a política do governo.
Uma vez que as incertezas sobre as tarifas dos EUA têm sido um fator baixista para o dólar, em meio aos receios pelos impactos na maior economia do mundo, a divisa norte-americana se recuperava em alguns mercados pelo mundo, com investidores retomando algumas posições compradas na moeda de reserva global.
“O mercado segue de olho nas notícias dos EUA… o dólar amanheceu com uma posição mais forte em todo o mundo e provavelmente vamos sentir um pouco aqui”, disse Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,22%, a 99,256.
Por outro lado, ainda havia um certo sentimento de cautela nos mercados, controlando os movimentos cambiais, já que os agentes financeiros aguardam a publicação de uma série de dados importantes ao longo da semana que podem influenciar as negociações.
O destaque será a divulgação do relatório mensal de emprego dos EUA na sexta-feira, com expectativa de desaceleração na abertura de postos de trabalho. Também estarão no radar números de inflação e de Produto Interno Bruto (PIB), ambos na quarta-feira.
Investidores e analistas buscarão por indícios de efeitos iniciais da política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a economia norte-americana.
Também permanece incerteza sobre a guerra comercial entre EUA e China, à medida que os dois países seguem fornecendo visões diferentes sobre a situação das tensões comerciais entre ambos.
Na cena doméstica, o mercado avaliará mais comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que participará de entrevista coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira às 11h.
No relatório divulgado mais cedo, a autarquia afirmou que as instituições financeiras indicaram mais cautela no apetite ao risco em 2025, em um ambiente em que riscos fiscais ganharam mais relevância e de percepção de piora no ciclo econômico e financeiro.
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,73%, a R$5,6485, recuando pela sétima sessão consecutiva. No ano, a divisa dos EUA acumula queda de 8,61% frente ao real.
(Por Fernando Cardoso)