Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar completou nesta terça-feira a oitava sessão consecutiva de perdas, dando continuidade ao movimento mais recente de valorização dos ativos brasileiros, com investidores à espera da divulgação de novos dados econômicos nos EUA no restante da semana.
A expectativa de novo alívio na política tarifária dos EUA também favorecia algumas moedas de emergentes, como o real.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,32%, aos R$5,6307. Nos últimos oito dias úteis a divisa acumulou perdas de 4,42%. Em abril a moeda acumula queda de 1,34%.
Às 17h14 na B3 o dólar para maio — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,45%, aos R$5,6320.
A moeda norte-americana seguiu nesta terça-feira o roteiro de sessões recentes: registrou leves ganhos na abertura e migrou para o território negativo na sequência.
“O dólar está dando continuidade à tendência de baixa da última semana. Na realidade, é mais do mesmo, com o mercado à espera de dados relevantes na semana, como o PIB norte-americano na quarta e o payroll na sexta”, comentou durante a tarde João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.
“Dependendo de como vierem estes dados, será possível dar um direcionamento melhor no câmbio”, acrescentou.
No mercado, a percepção é de que os números podem trazer uma visão mais clara sobre o rumo da economia dos EUA, que lida atualmente com dilemas trazidos pela guerra tarifária do governo de Donald Trump.
Nesta terça-feira, a Casa Branca informou que Trump assinará um decreto para amenizar o impacto de suas tarifas no setor automotivo. Autoridades do governo disseram que as medidas aliviarão algumas tarifas sobre peças estrangeiras para carros fabricados nos EUA, enquanto os importadores não terão que pagar taxas acumuladas sobre carros e materiais usados para fabricá-los.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, avaliou que os ativos brasileiros — como o real e as ações do Ibovespa — vêm sendo beneficiados pelo fluxo de investimentos vindo do exterior.
“A tendência permanece mesmo diante da indefinição sobre as negociações comerciais entre EUA e China. Contudo, a amplitude do dólar hoje está limitada pela expectativa do payroll americano na sexta-feira e pelas decisões de juros do Federal Reserve e do Copom na próxima semana, o que mantém investidores em compasso de espera”, ponderou.
Neste cenário, após marcar a máxima de R$5,6640 (+0,27%) às 9h07, pouco depois da abertura, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,6201 (-0,50%) às 12h21.
Em relação ao Copom, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira que segue vigente a visão apresentada em março, quando a taxa básica Selic subiu 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, e o colegiado indicou aumento de menor magnitude em maio.
“A gente está respondendo a uma dinâmica de inflação que é desafiadora, o que justifica a extensão do ciclo”, disse Galípolo.
No exterior, às 17h36 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes — subia 0,15%, a 99,186. No entanto, a moeda dos EUA cedia ante o peso mexicano e o peso colombiano.
No Brasil, pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.