Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha leve alta frente ao real nesta sexta-feira, em linha com o exterior e recuperando algumas das perdas das três últimas sessões, com investidores à espera de novos dados de emprego dos Estados Unidos em busca de sinais sobre a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve.
Às 9h30, o dólar à vista subia 0,14%, a 6,0175 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,41%, a 6,034.5 reais na venda
A agenda esvaziada no Brasil levava investidores a voltarem suas atenções para o cenário externo, onde os mercados aguardam a divulgação do relatório de emprego de novembro dos EUA, que carrega uma expectativa adicional devido aos números de outubro afetados por greves e furacões.
Economistas consultados pela Reuters esperam que os empregadores norte-americanos tenham criado 200.000 postos de trabalho fora do setor agrícola no mês anterior, ante apenas 12.000 em outubro.
O resultado vai compor a base de dados necessária para o Fed definir sua decisão de política monetária neste mês. Dados desta semana mostraram uma desaceleração gradual no mercado de trabalho, o que consolidou as apostas de um corte de 25 pontos-base nos juros.
Agentes financeiros ainda precisam seguir observando os anúncios do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, cujas promessas de campanha, incluindo tarifas e cortes de impostos, são consideradas inflacionárias por analistas, o que pode impactar na trajetória da taxa de juros do país.
“A questão de como o governo Trump aplicará as tarifas nos parece uma das principais fontes de incerteza e de risco negativo. Se usadas com vigor excessivo, as tarifas poderão criar perturbações tanto para a economia dos EUA como para o resto do mundo”, disseram analistas do Citi em nota.
Em meio à espera pelos dados de emprego, o dólar tinha leve alta ante a maioria de seus pares emergentes, movimento que se estendia para o Brasil.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,06%, a 105,780.
No cenário doméstico, o dólar tem tido uma semana histórica, fechando por sessões consecutivas acima de 6,00 reais, após superar a marca na semana passada pela primeira vez desde o início da circulação da moeda brasileira, em 1994.
Na quinta-feira, o dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,63%, cotado a 6,0089 reais, após ter atingido na segunda-feira o maior valor nominal de encerramento da história, de 6,0652 reais.
Por trás dos recordes, está a contínua preocupação dos investidores com a trajetória das contas públicas, principalmente depois do duplo anúncio do governo de um pacote de medidas de contenção de gastos e de um projeto de reforma do Imposto de Renda.
As medidas fiscais já eram esperadas, mas o mercado recebeu mal o projeto que busca expandir a faixa de isenção do IR para quem ganha até 5 mil reais por mês.
Um otimismo maior finalmente foi exibido na véspera, após a aprovação pela Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira, do regime de urgência para duas propostas que integram o pacote fiscal do governo.
O foco na próxima semana será a última reunião do Copom neste ano. Operadores colocam 58% de chance de uma alta de 75 pontos-base na Selic, atualmente em 11,25% ao ano, com 42% de probabilidade de um aumento de 100 pontos, em meio ao que veem como uma economia superaquecida e com potencial inflacionário.