Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar acelerou suas perdas para mais de 1% frente ao real nesta sexta-feira, depois que dados de emprego dos Estados Unidos surpreenderam para baixo, ressuscitando esperanças de um afrouxamento monetário mais extenso pelo Federal Reserve.
Às 10h10 (de Brasília), o dólar à vista caía 1,07%, a 5,0588 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 1,07%, a 5,0715 reais.
Esse movimento estava em linha com a queda de cerca de 0,6% do índice do dólar frente a uma cesta de pares fortes, depois que a criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou bem mais do que o esperado em abril e os ganhos salariais anuais arrefeceram.
A economia norte-americana abriu 175 mil vagas fora do setor agrícola no mês passado, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego nesta sexta-feira. Os dados de março foram revisados para cima, mostrando abertura de 315 mil empregos, em vez dos 303 mil informados anteriormente.
Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 243 mil vagas.
“A semana certamente está terminando de forma mais construtiva do que começou, com os mercados avaliando positivamente tanto as comunicações do Fomc como o pacote de dados do mercado de trabalho”, avaliou Danilo Igliori economista-chefe da Nomad.
“O mês está só no início, mas é possível que maio traga outra reviravolta nas expectativas sobre a trajetória de juros nos EUA, dessa vez para o lado positivo.”
Na esteira dos dados, operadores elevaram as apostas de que o Federal Reserve realizará seu primeiro corte na taxa de juros em setembro, com parte dos mercados que via esse movimento apenas a partir de novembro antecipando suas projeções.
Probabilidades implícitas em contratos futuros de juros apontam agora para uma probabilidade de cerca de 78% de um corte nos juros na reunião do banco central dos EUA em meados de setembro, acima dos 63% registrados antes do relatório.
Os operadores também estão agora precificando dois cortes de 25 pontos-base pelo Fed este ano, em comparação com um esperado antes da divulgação dos dados.
Nesta semana, as autoridades do Fed decidiram na quarta-feira por unanimidade manter a taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,5% em que está desde julho. E, embora o chair do Fed, Jerome Powell, tenha indicado que a inflação elevada pode atrasar o esperado corte de juros, ele se recusou a referendar discussões de que a taxa poderia na verdade ser elevada de novo.
Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos títulos do governo dos EUA diminuem.
No Brasil, o Banco Central se reunirá na semana que vem para definir a política monetária, em meio a expectativa considerável nos mercados de que a incerteza elevada possa levar a autarquia a desacelerar o ritmo de corte da Selic.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter, escreveu que os dados de emprego dos EUA desta sexta-feira significam que um corte de 0,50 ponto percentual pelo BC “continua na mesa”, embora probabilidades implícitas em contratos futuros de juros calculem cerca de 80% de chance de redução de apenas 0,25 ponto.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista fechou o dia cotada a 5,1135 reais na venda, em baixa de 1,53%.