Por Allison Lampert
(Reuters) – A Colômbia está solicitando à agência de aviação da ONU que apoie padrões globais para o transporte aéreo de animais de estimação através das fronteiras, após grande repercussão de casos de mortes de cães em aviões.
A Colômbia quer que a Organização de Aviação Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês), que estabelece padrões para o setor, desde pistas de pouso até cintos de segurança, crie regras para animais de estimação em aeronaves, disse o representante do país na ICAO.
A proposta do país sul-americano, que conta com o apoio de cerca de duas dúzias de países da América Latina e da Europa, vem antes da assembleia trienal da ICAO, prevista para ocorrer entre 23 de setembro e 3 de outubro.
“A Colômbia está falando sobre isso porque em nosso país houve alguns casos que afetaram negativamente a saúde dos animais de estimação”, disse à Reuters Mauricio Ramirez Koppel, representante da Colômbia na ICAO.
“E descobrimos que não há nenhum guia por parte da ICAO que estabeleça padrões e regras para o transporte adequado de animais de estimação e seres vivos.”
A ICAO não pode impor regras aos Estados membros, mas os países que aprovam os padrões da agência geralmente os cumprem.
O aumento do número de pessoas com animais de estimação e a recuperação das viagens após a pandemia da Covid-19 impulsionaram a demanda por voos “dog-first”, como os da transportadora norte-americana especializada BARK Air.
A Virgin Australia anunciou nesta quarta-feira o primeiro serviço da Austrália que vai permitir cães ou gatos de pequeno porte na cabine em alguns voos domésticos, a partir de 16 de outubro.
Em alguns casos, os animais de estimação são transportados no compartimento de carga, embora raças de nariz achatado, como buldogues franceses e pugs, sejam proibidas por algumas companhias aéreas porque apresentam maior risco de insolação.
Incidentes envolvendo animais feridos ou mortos em aviões continuam sendo raros, segundo dados do Departamento de Transportes dos EUA.
Mas o crescimento das viagens de animais de estimação gerou preocupações sobre ventilação e contenção inadequada, de acordo com um documento de trabalho da assembleia da ICAO da Colômbia.
Em 2021 e 2022, houve casos de cães que morreram a bordo de duas pequenas transportadoras no país, enquanto em 2020 o Canadian Kennel Club pediu reformas governamentais após a morte de dezenas de cães em um voo da Ukraine International Airlines de Kiev para Toronto.
E em 2018, um buldogue francês morreu em um voo da United Airlines após um comissário de bordo ordenar que ele fosse guardado em um compartimento superior. Esse incidente levou a uma legislação dos EUA que proíbe as companhias aéreas de colocar animais em perigo ao guardá-los em compartimentos superiores.
O grupo de lobby das companhias aéreas Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) tem regras para o transporte de animais entre fronteiras, mas elas não são obrigatórias, disse Koppel.
Algumas companhias aéreas do Oriente Médio, como a Qatar Airways, permitem falcões na cabine, enquanto outros países, como a Austrália, exigem que cães e gatos sejam colocados em quarentena ao chegar.
“Há uma lacuna legal”, disse Koppel.
A IATA disse nesta quarta-feira que seus regulamentos sobre animais vivos são reconhecidos mundialmente e amplamente adotados pelos reguladores como uma “referência global para o transporte seguro e humano de animais por via aérea”.
O grupo apoia que a ICAO forneça uma diretriz geral sobre o transporte de animais de estimação entre os países, desde que evite a duplicidade de regras.
(Reportagem de Allison Lampert em Montreal)