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Câmara dos EUA cassa mandato do deputado George Santos

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Por Makini Brice e Richard Cowan

WASHINGTON (Reuters) – A breve carreira do republicano George Santos na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos chegou ao fim nesta sexta-feira, quando seus pares parlamentares votaram por sua cassação devido a acusações criminais de corrupção e de uso indevido de dinheiro de campanha.

O placar da votação na Câmara foi de 311 votos a favor da cassação e 114 contrários, acima da maioria de dois terços necessária para cassar um de seus membros.

Acossado por revelações de mentiras sobre seu passado, uma acusação criminal federal e uma investigação ética no Congresso, Santos, de 35 anos e filho de brasileiros, tornou-se o sexto deputado a ser cassado.

O congressista de Nova York foi o primeiro a ser cassado sem ter lutado pela Confederação na Guerra Civil dos Estados Unidos nem ter sido condenado por algum crime.

Após a votação, houve aplausos dispersos no plenário da Câmara.

Ao sair do Capitólio, cercado por jornalistas, Santos disse: “Querem saber? Como não oficialmente já não sou mais membro do Congresso, não preciso mais responder uma única pergunta de vocês”.

“Para o inferno com este lugar”, disse ele.

O mandato de Santos durou quase 11 meses – quase a metade de seu mandato de dois anos. Sua remoção deu continuidade a meses de controvérsia e caos na Câmara, que há dois meses viu a destituição do presidente da Casa, o republicano Kevin McCarthy, por meio de uma revolta de um pequeno grupo de republicanos de extrema-direita.

A governadora do Estado de Nova York, Kathy Hochul, uma democrata, agora tem 10 dias para convocar uma eleição especial para a vaga de Santos. A eleição deve ocorrer de 70 a 80 dias a partir dessa proclamação.

O presidente da Câmara, Mike Johnson, e importantes líderes republicanos se opuseram à cassação, mas isso não influenciou o suficiente no partido. Alguns parlamentares argumentaram que o destino de Santos deveria ser decidido pelos eleitores do seu distrito em novembro de 2024 ou que os seus desafios legais deveriam ser resolvidos antes de a Câmara agir.

Alguns parlamentares expressaram preocupação de que a cassação de Santos pudesse abrir um precedente para o abuso do poder de cassação dos parlamentares.

A sua cassação também reduz a já apertada maioria dos republicanos para 221 cadeiras contra 213 dos democratas. Seu distrito, que inclui partes da cidade de Nova York e Long Island, é visto como competitivo.

BIOGRAFIA FORJADA

Santos esteve envolvido em controvérsias desde sua eleição em novembro de 2022. Ele admitiu ter forjado grande parte de sua biografia, e promotores federais o acusam de lavagem de fundos de campanha e de fraudar doadores. Santos se declarou inocente dessas acusações.

Ele sobreviveu a uma tentativa anterior de cassação no início de novembro, quando 182 de seus pares republicanos e 31 democratas votaram contra sua remoção, alegando que seu caso criminal deveria ser resolvido primeiro.

Mas um relatório subsequente e contundente do Comitê de Ética da Câmara sobre o comportamento de Santos minou o apoio que ele tinha. Apenas 112 dos 222 republicanos da Câmara votaram para mantê-lo no cargo desta vez. Dois democratas votaram contra a cassação.

“As mentiras de George Santos foram concebidas para defraudar e enganar os eleitores para que ele fosse eleito, diferente de outros casos de corrupção pública”, disse o deputado Dan Goldman, democrata de Nova York e ex-procurador federal, aos jornalistas pouco antes da votação.

Uma investigação bipartidária do Congresso no mês passado descobriu que ele debitou quase 4.000 dólares em tratamentos de spa, incluindo Botox, em sua conta de campanha para o Congresso. Ele também gastou mais de 4.000 dólares de dinheiro de campanha na loja de varejo de luxo Hermes e fez “compras menores” na OnlyFans, uma plataforma online conhecida por seu conteúdo sexual, de acordo com o Comitê de Ética.

Após o relatório do Comitê de Ética, ele afirmou que não concorreria à reeleição no ano que vem.

Os problemas de Santos começaram logo após sua eleição em novembro de 2022, quando veículos de mídia noticiaram que ele não havia realmente frequentado a Universidade de Nova York ou trabalhado no Goldman Sachs e no Citigroup, como havia afirmado durante a campanha.

Ele também alegou falsamente ter ascendência judaica e disse aos eleitores que seus avós haviam fugido dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

As denúncias de falsidades fizeram de Santos um pária na Câmara e alvo de comediantes de TV, mesmo antes de promotores federais o acusarem de uma série de fraudes e crimes financeiros de campanha.

Em uma indiciamento de 23 acusações, eles o acusam de inflar seus totais de arrecadação de fundos a fim de obter mais apoio do Partido Republicano, lavar fundos para pagar despesas pessoais e cobrar os cartões de crédito dos doadores sem permissão.

Dois ex-assessores de campanha se declararam culpados de acusações de fraude relacionadas.

Santos nega ter cometido irregularidades, e seu julgamento está programado para começar em 9 de setembro de 2024, pouco antes das eleições de novembro que determinarão o controle da Casa Branca e das duas Casas do Congresso.

Antes da vitória de Santos em 2022, o distrito era representado pelo democrata Tom Suozzi, que concorreu, sem sucesso, ao cargo de governador. Suozzi e outros 19 candidatos, incluindo oito republicanos, se inscreveram para concorrer à vaga de Santos.

(Reportagem de Makini Brice e Richard Cowan)

 

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