Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024 a 1,9%, contra patamar de 1,7% estimado em dezembro, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, que também apresentou alertas sobre a evolução da inflação.
“A revisão moderada reflete, principalmente, dinamismo levemente maior que o esperado da economia no início do ano, como sugerem os indicadores disponíveis”, disse a autoridade monetária.
A previsão do BC está próxima à do mercado, que estima um crescimento de 1,85% da economia em 2024, segundo a pesquisa Focus mais recente. O Ministério da Fazenda, por sua vez, prevê expansão de 2,2% este ano, mas o chefe da pasta, ministro Fernando Haddad, já afirmou que a estimativa deve ser revisada para ao menos 2,5%.
No documento, o BC afirmou esperar que o crescimento deste ano tenha menor contribuição dos setores menos cíclicos, especialmente a agropecuária e a indústria extrativa, vendo também menor crescimento do consumo das famílias, com menor impulso de transferências governamentais.
Para a autarquia, o setor externo deve ter contribuição líquida negativa para o PIB, com aumento das importações e menor crescimento das exportações. Por outro lado, os investimentos devem voltar a crescer, com apoio de condições monetárias menos restritivas.
INFLAÇÃO
No relatório, o BC disse que a inflação cheia e a média dos núcleos de inflação aumentaram para patamares que superam a meta de inflação.
“Essa surpresa de alta se deveu aos segmentos de preços administrados e alimentação no domicílio”, afirmou, destacando que houve surpresa para cima no componente subjacente (que exclui itens voláteis) do segmento de serviços.
De acordo com a autoridade monetária, foi mantida em 19% a probabilidade de a inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância da meta neste ano.
“Como as projeções são superiores à meta, as probabilidades de ultrapassar o limite superior são maiores do que as de ultrapassar o limite inferior”, afirmou.
A meta de inflação para este ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que sua diretoria antevê novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião, em maio.