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O que sabemos sobre o acordo da Argentina com o FMI e a política cambial?

Por Jorge Otaola

BUENOS AIRES (Reuters) – A Argentina fechou um acordo de US$20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e desmantelou grande parte de seus controles cambiais conforme o presidente Javier Milei procura tirar o país de uma prolongada crise econômica.

Com os mercados vendo os acontecimentos como positivos, o que significa o acordo com o FMI e a mudança na política cambial?

QUANTO A ARGENTINA ESTÁ RECEBENDO?

O país diz que deve receber US$28 bilhões somente em 2025, incluindo US$15 bilhões do FMI, US$6,1 bilhões de outros credores multinacionais, US$2 bilhões de bancos globais e US$5 bilhões da extensão de um swap cambial com a China.

O FMI desembolsará US$12 bilhões nesta semana, seguido de uma revisão do programa em junho que deverá liberar mais US$2 bilhões, e uma nova revisão no final do ano com mais US$1 bilhão.

“Esses recursos líquidos serão usados para fortalecer o balanço patrimonial (do banco central) por meio da recompra de títulos intransferíveis pelo Ministério da Economia”, informou o banco central da Argentina.

QUAL É A NOVA POLÍTICA CAMBIAL?

O novo regime de taxa de câmbio permitirá que o peso flutue livremente em uma faixa móvel entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar, ante política anterior de controle que manteve a moeda em torno de 1.074 na sexta-feira.

A nova banda móvel se expandirá em 1% a cada mês, tanto no limite superior quanto no inferior. O banco central poderá comprar e vender dólares se a banda for quebrada, enquanto dentro da banda ele poderá optar por operar nos mercados secundários de pesos por meio de operações de mercado aberto, informou o banco central.

O FMI acrescentou em seu relatório que a estrutura monetária evoluirá com o tempo para uma “taxa de câmbio totalmente flexível no contexto de um sistema bimonetário, em que o peso e o dólar coexistem”.

QUAL É A META DE ACÚMULO DE RESERVAS?

Segundo o acordo com o FMI, a Argentina precisará acumular reservas internacionais líquidas no valor de US$4 bilhões até o final do ano, em comparação com o nível de 31 de dezembro de 2024. A meta básica fará com que isso se acelere para um aumento de US$8 bilhões no próximo ano.

Embora o governo de Milei tenha feito do acúmulo de reservas um dos principais focos e tenha tido algum sucesso, isso se reverteu nas últimas semanas em meio à crescente pressão sobre o peso, levando as reservas líquidas a cair para US$7 bilhões negativos, de acordo com uma estimativa do FMI.

A META FISCAL ZERO PERMANECE?

O acordo prevê um cenário básico que busca superávit fiscal primário este ano de 1,3% do PIB, um pouco abaixo do ano passado, embora o ministro da Economia, Luis Caputo, já tenha sugerido que o governo terá uma meta mais alta, em torno de 1,6%.

A meta fiscal geral – incluindo o pagamento da dívida – visa a um equilíbrio fiscal este ano. O superávit primário e geral começaria a aumentar no próximo ano e nos anos seguintes.

A ARGENTINA PODE RETORNAR AOS MERCADOS DE CAPITAIS?

O FMI afirmou em seu relatório que, se houver uma “implementação decisiva” do programa e um rápido acúmulo de reservas, isso poderá reduzir os custos de empréstimos para a Argentina e fazer com que ela volte a acessar os mercados de capitais internacionais até o início de 2026.

Os desafios do país, entretanto, ainda não terminaram, com as reservas no vermelho e a inflação, embora tenha caído drasticamente desde que Milei assumiu o cargo em dezembro de 2023, ainda é persistente.

“A cobertura das reservas continua muito fraca“, disse o FMI. “É necessário mais trabalho para ancorar a inflação e fortalecer de forma duradoura a posição externa do país e a resiliência a um cenário global mais complexo.”

 

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