thomson reuters

BLOG | REVISTA DOS TRIBUNAIS

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Prisioneiros de um Sistema: Desafios e Perspectivas para os Direitos Humanos no Brasil

Prisões

Em um estudo recente, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN) publicou o 14º Ciclo de Levantamento de Informações Penitenciárias, com dados referentes ao primeiro semestre de 2023. O destaque do novo estudo é o aumento de 9,58% da oferta de atividades educacionais no sistema penitenciário brasileiro, além de 154.531 pessoas presas exercendo alguma atividade laboral.

Interessante destacar que, até junho de 2023, o número total de custodiados no Brasil é de 644.794 em celas físicas, entendidos como sendo aqueles que, independentemente de saídas para trabalhar e estudar, dormem no estabelecimento prisional e 190.080 em prisão domiciliar, ou seja, são os que cumprem pena em casa e podem ou não usar equipamentos de monitoração eletrônica.

A partir dos dados supracitados inicia-se um debate fundamental sobre a complexidade da realidade do sistema prisional brasileiro e como o assunto demanda uma análise crítica à luz dos direitos humanos. Apesar de ser fundamental para a manutenção da ordem pública e a punição de crimes, as condições enfrentadas pelo número expressivo de detentos muitas vezes violam princípios fundamentais estabelecidos internacionalmente.

Falha Estrutural do Sistema

Assim, temos que um dos principais desafios é a superlotação das prisões, que leva à precariedade das condições de vida dos presos. A falta de espaços adequados, combinada com a escassez de recursos, resulta em ambientes propícios para a proliferação de doenças, violência e violações dos direitos humanos mais básicos.

Outra questão preocupante é a criminalização da pobreza, uma vez que a maioria dos detentos no Brasil provém de camadas sociais mais desfavorecidas. Isso evidencia uma falha estrutural do sistema, que muitas vezes não consegue abordar as causas subjacentes da criminalidade, priorizando a punição em detrimento da reabilitação ou até mesmo a prevenção da criminalidade.

Ademais, a violência institucional é uma triste realidade nas prisões brasileiras. Casos de tortura, maus-tratos e até mesmo mortes são relatados com frequência, evidenciando a urgência da realização de reformas profundas. Essas práticas não apenas violam os direitos humanos dos detentos, mas também comprometem os princípios éticos que devem reger qualquer sistema penal justo e equitativo.

A falta de acesso a serviços básicos, como saúde e educação, dentro do sistema prisional agrava ainda mais a situação. Apesar do objetivo principal da punição ser a reabilitação, quando a sociedade se recusa a reintegrar um ex-condenado, a ressocialização torna-se uma tarefa quase impossível, o que leva a altos índices de reincidência. Ou seja, acaba se transformando em um ciclo vicioso.  

Para promover uma mudança positiva, é essencial adotar medidas que visem à humanização do sistema prisional e isso inclui:

  1. investir em políticas de prevenção ao crime;
  2. promover a inclusão social; e
  3. assegurar condições dignas de encarceramento; e 
  4. fortalecer os mecanismos de controle e fiscalização para garantir que os direitos humanos sejam respeitados em todas as instâncias do sistema penal.


Em última análise, a reflexão sobre o sistema prisional brasileiro à luz dos direitos humanos deve servir como um chamado à ação para promover mudanças significativas. Somente por meio de um compromisso sério com a justiça, a equidade e o respeito aos direitos fundamentais, o Brasil poderá construir um sistema prisional que verdadeiramente cumpra sua função de reabilitação e reinserção social, em conformidade com os princípios universais dos direitos humanos.

Saiba mais sobre o tema com a obra:

capa de livro com fundo roxo, título "Prisão - Manual Prático" e nome dos autores ao lado. Livro sobre sistema prisional

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidas

Post Relacionado

Sessão na Assembleia Geral das Nações Unidas com diplomatas e representantes discutindo temas importantes do Brasil e do mundo, ambiente formal e reunião internacional.

Comissão do Senado aprova retirada de gastos com tarifaço do teto de gastos

BRASÍLIA (Reuters) – A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou nesta terça-feira projeto de lei complementar autorizando que despesas e renúncias fiscais destinadas pelo governo a empresas impactadas pelo tarifaço dos Estados Unidos fiquem de fora da meta de resultado primário e dos limites de despesa previstos no

Imagem da sessão do plenário do Congresso Nacional do Brasil com deputados e senadores reunidos, painéis de votação digitais e ambiente formal.

Câmara aprova em 2º turno texto-base da PEC da Blindagem

(Reuters) – A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira, em segundo turno, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê autorização da Câmara ou do Senado para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar deputado ou senador, informou a Agência Câmara de Notícias. Chamada tanto de

REVISTA DOS TRIBUNAIS
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.